Por Marcelo Bahiano
ACIDE reabilita pessoas com deficiência.
A Escrita Cursiva um instrumento de inclusão, ACIDE transformando vidas por meio da inclusão há quase 30 anos . Foto – Marcelo Bahiano
Uma mulher com deficiência se sente com mais autonomia para exercer o seu papel de cidadã por meio da Escrita Cursiva. ACIDE presta esse serviço entre outros que ajuda na reabilitação da pessoa com deficiência.
Marilda Rodrigues sempre foi uma pessoa independente, mãe, esposa e dona de casa, sempre conseguiu desempenhar suas atividades tranquilamente e também a sua cidadania. Até quando começou a perder a visão, depois dos 40 anos, percebeu que tudo estava mudando, inclusive o simples ato de assinar o seu nome. Chegava nos lugares, principalmente nas repartições públicas para resolver alguma questão burocrática que tinha a necessidade de assinar, as pessoas já se dirigiam a Dona Marilda com esponja na mão para colher a sua impressão digital. Isso lhe incomodava.
Porém, a Retinose Pigmentar, que é uma degeneração na retina, hereditária, tirou a sua visão, mas a dignidade e a vontade de exercer o seu papel de cidadã ainda permanecia nessa mulher. Quando chegou na ACIDE, Marilda passou a ter aula de Escrita Cursiva.
E hoje Dona Marilda como é depois de ter apreendido assinar seu nome? “‘Hoje quando eles vem com a esponja na mão, eu digo para eles que eu assino!’” diz dona Marilda. E conclui falando da sua satisfação em assinar. “‘Quando aprendi a escrever com a professora Hermar, me sinto mais contente, agora é só colocar o assinador e eu escrevo o meu nome.’”
O assinador é um objeto retangular com espaço no meio que orienta a pessoa com deficiência visual a escrever. A professora Hermar Avelino da Cruz, é a responsável por ministrar as aulas de Escrita Cursiva. Para essa professora, esse tipo de escrita é um facilitador da independência pessoal e de suma importância, porque contribui para integração social, e propicia a pessoa com deficiência visual a consciência de individualidade em relação a aquisição de documentos, tais como: RG, contrato social e até mesmo abertura de conta bancária. “‘Muitas vezes uma pessoa cega, por não saber assinar o seu nome, é confundida ou passa a imagem de uma pessoa analfabeta’” falou a professora que ainda ressaltou a importância da escrita. “‘Assinar seu nome é um ato de emancipação e autor realização.’” E concluiu dizendo que, substituir a impressão digital pela assinatura em tinta, é um dos meios facilitadores para romper as barreiras do preconceito e informar a sociedade que a pessoa com deficiência também é um cidadão, que através de um gesto consciente, característico e pessoal, pode deixar marcada sua identidade nos documentos com afirmação e cidadania.