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ACIDE

Crônica: Os Corpos Perfeitos no Capitalismo e as Paralímpiadas

Petrúcio Ferreira conquista medalha de ouro — Foto: Douglas Magno/CPB

No vasto cenário do esporte, o capitalismo se revela em sua forma mais cruel e discriminatória. As Olimpíadas, um espetáculo que celebra a força, a resistência e a superação, muitas vezes colocam em segundo plano as Paralímpiadas, como se as conquistas de atletas com deficiência fossem menos valiosas. Essa hierarquia de valor é uma expressão clara do capacitismo que permeia nossa sociedade.

A medalha olímpica brilha em um pedestal elevado, enquanto a paralímpica é relegada a uma sombra, invisível aos olhos da grande mídia. A diferença não está apenas na cor do metal, mas no reconhecimento e na celebração das histórias que se escondem por trás de cada atleta. A imprensa brasileira, que deveria ser a voz amplificadora dessas conquistas, muitas vezes se concentra em narrativas que exaltam corpos perfeitos, ignorando a luta e a perseverança de quem desafia as adversidades.

Além disso, a cobertura desigual se reflete nas transmissões ao vivo e nas entrevistas. Enquanto os familiares dos atletas olímpicos recebem atenção e são convidados a compartilhar suas emoções, os dos atletas paralímpicos muitas vezes são esquecidos, como se suas histórias não fossem dignas de serem contadas. Essa falta de valorização não apenas marginaliza os atletas com deficiência, mas também perpetua a ideia de que suas vitórias são menos relevantes.

É importante destacar que o Brasil, no quadro de medalhas paralímpicas, ocupa a terceira posição, um feito que deveria ser motivo de orgulho para o país. E, assim como as Olimpíadas, as Paralímpiadas estão acontecendo na cidade francesa de Paris, um evento que deveria ser celebrado e reconhecido por todos nós. Cada medalha, seja olímpica ou paralímpica, carrega consigo uma história de superação e resiliência. O verdadeiro espírito esportivo reside na celebração da diversidade, e não na exclusão.

Por outro lado, o ouro olímpico é frequentemente visto como um símbolo de prestígio e valor, muitas vezes considerado superior ao ouro que poderia ser destinado ao paralímpico, que também desempenha um papel artístico e cultural significativo. Essa comparação revela um aspecto do capacitismo: a ideia de que o reconhecimento e o valor de uma conquista estão atrelados a padrões impostos pela sociedade, em vez de serem avaliados por seu mérito intrínseco.

Somente assim poderemos construir um mundo mais justo e inclusivo, onde todos os corpos sejam valorizados e reconhecidos por suas conquistas.

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